segunda-feira, 21 de abril de 2014

Tobias, Judite, Ester - O Livro de Ester



O Livro de Ester

Como o livro de Judite, o de Ester descreve a história de uma israelita que, por sua castidade e piedade, se tornou instrumento de libertação para o povo de Deus.

O rei Assuero deu, certa vez, grande banquete; por essa ocasião, a rainha Vasti recusou-se a aparecer em público e foi repudiada (1, 1-22). Em seu lugar, entrou Ester, israelita, prima órfã de um israelita chamado Mardoqueu, que residia em Susa (Pérsia) e servia na corte do rei (2,1-20).

Em seguida, Mardoqueu revelou ao rei a conspiração de dois oficiais contra a vida de Assuero; por isso foi inscrito nos Anais como benemérito (2,21-23). Fiel, porém, às suas tradições religiosas, recusava-se a dobrar o joelho diante de Amã, primeiro-ministro de Assuero (3,1-4). Irritado, Amã obteve do rei um decreto que mandava exterminar todos os judeus da Pérsia no fim do ano corrente (3,5-15).

Diante do perigo, Mardoqueu pediu a Ester que intercedesse junto a Deus e ao rei pela salvação de seu povo (4, 1-17). Após ter jejuado e orado, ela e os judeus de Susa, durante três dias, Ester convidou o rei e Amã para cearem com ela (5,1-5). A rainha, ajudada pela Providência de Deus, conseguiu do rei novo decreto que concedia aos judeus a faculdade de se vingarem de seus opressores no dia previsto para o extermínio dos israelitas; Amã foi enforcado por ordem de Assuero (5, 6-8, 14). Em conseqüência, os filhos de Israel causaram grande morticínio entre os persas (8, 15-9, 19). Para comemorar o acontecimento. Mardoqueu mandou instituir a festa anual de Purim (9, 20-32).

O livro de Ester reproduz traços de história ornamentados para servir à finalidade religiosa e moral.

De um lado, o autor se refere explicitamente aos Anais dos reis da Pérsia (2,23; 10, 2); as circunstâncias da corte e da administração do reino concordam com o que se conhece por outros escritos; além disso, a festa de Purim, celebrada pelos judeus, parece atestar um fato histórico. Suposto o fato histórico, o rei Assuero seria Xerxes I (486-465 a. C.).

De outro lado, chama-nos a atenção o silêncio dos autores profanos sobre episódios que tão vasta repercussão teriam tido no reino persa. Já que estes não mencionam nenhuma rainha da Pérsia chamada Ester, conclui-se que a heroína israelita, assim como a repudiada Vasti, tenha sido apenas uma das concubinas prediletas de Xerxes I, que teve sempre como esposa a rainha Amestra.

Notemos também a composição artificiosa do livro de Ester, obra prima da literatura judaica. As antíteses perpassam o livro, dando-lhe caráter dramático:
  • duas jovens, concubinas do rei: Vasti, pagã; repudiada; Ester, israelita, exaltada;
  • dois homens, ministros do rei: Amã, não-judeu, exaltado, depois condenado à morte; Mardoqueu, israelita, desprezado, condenado à morte, mas por fim exaltado.
  • dois decretos do rei: um, contra os judeus (3,12-15); outro, em favor dos judeus (8, 9-14);
  • dois banquetes oferecidos por Ester, para Amã, significam humilhação (5,9-14); para Mardoqueu, a passagem da morte (5,14) para a glória (6,11; 8,2);
  • os judeus, repudiados ao extremo tornavam-se progressivamente estimados ao extremo.   

A finalidade do livro é levantar o ânimo dos judeus que, após o exílio, viveram sempre sobre o domínio estrangeiro (persas, gregos, egípcios, sírios, romanos). A Providência rege os acontecimentos e cumpre seus desígnios, mesmo que tudo pareça indicar o contrário; a chave para entender a tese do livro está em Ester 4,17.

O texto chegou até nós sob 2 formas:
  •  Texto hebraico, que compreende os nove primeiros capítulos até 10,3. É a única forma que os judeus reconhecem. Nunca refere o nome de Deus;
  • O texto grego, que apresenta duas recensões. Contem as partes deuterocanônicas inseridas no texto protocanônico, enquanto outras as colocam em apêndice. 

O livro pode ter sido escrito em hebraico na época dos Macabeus (167-160). Por volta do ano 100 .C, terá sido traduzido para o grego e enriquecido com os fragmentos deuterocanônicos. 
 (Fonte:  Escola Mater Ecclesiae, curso bíblico).  

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