O nome do livro – Números – provém da tradução grega do Pentateuco,
por volta do século II a.C. – que o chamou de “arithmoi” (números), em razão
dos censos do povo que aparecem no começo. Entre os judeus recebe o nome de
“Bemidbar” (“no deserto”), já que o
primeiro versículo começa com esta palavra. O livro dos Números trata da estada e peregrinação do povo
de Israel no deserto, onde Deus se manifestou.
Ensinamentos
O Livro dos Números mostra de uma forma muito peculiar qual é o modo
de atuar de Deus com os homens e, concretamente, com o povo que Ele havia
escolhido: Israel. Essa peculiaridade consiste em que Deus aparece como aquele
que guia o seu povo através do deserto, a caminho da terra prometida. O povo em
Números deixa de ser a multidão
informe, que saiu do Egito, e passa a ser uma comunidade santa, que pode ser
detalhadamente contada, constituída em virtude da Aliança.
O deserto é agora um lugar de passagem, cheio de dificuldades, onde o
povo experimenta a tentação do desânimo e da rebeldia contra Deus, que o
conduziu até ali; mas também é o lugar em que o povo conhece o perdão e a
Misericórdia de Deus.
No deserto, Deus vai purificando seu povo por meio de sucessivas
provas. A presença misteriosa de Deus no meio do seu povo, enquanto ele vai
caminhando, está simbolizada na nuvem.
O
Livro dos Números à luz do Novo Testamento
Jesus, antes
de começar seu ministério público, foi levado pelo Espírito ao deserto, onde
também sofreu tentações. Mas Jesus, diferentemente do povo de Israel, foi
vitorioso (Mt 4, 1-11).
Depois,
Jesus realizou prodígios similares aos que Deus havia feito no deserto, como a
multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), e proclama que nele se encontram os dons
divinos prefigurados durante aquela etapa do povo de Israel: Ele é a água viva
(Jo 4,7); o verdadeiro pão descido do céu (Jo, 6); o caminho (Jo 14,6); o meio
de salvação – como o foi a serpente de bronze (Jo 3,14-16); e o lugar
definitivo do encontro com Deus (Jo 14, 8). Viver unidos a Cristo quando ainda
peregrinamos neste mundo é, portanto, avançar com segurança em direção à Pátria
definitiva.
Os
Evangelhos apresentam Jesus como a atualização das realidades do deserto. A
concepção virginal de Jesus se realiza por uma ação do Espírito Santo
comparável à de sua presença na nuvem do deserto (Lc 1, 35). A vida de Cristo
no meio dos homens é compreendida como a presença da Tenda de Deus no
acampamento dos israelitas (Jo 1,14).
O livro dos Números,
para os israelitas, significava não só a recordação do passado, mas, por assim
dizer, o modelo de toda a sua história. Para os cristãos, esse modelo é Jesus
Cristo, em quem se cumpriram as palavras daquele livro. Cristo se fez caminho e
guia para fazer-nos avançar em nossa vida, na qual subsistem as provas e as
dificuldades do deserto.
(cfr. Biblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade
de Navarra).
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