quarta-feira, 10 de julho de 2013

Números



O nome do livro – Números – provém da tradução grega do Pentateuco, por volta do século II a.C. – que o chamou de “arithmoi” (números), em razão dos censos do povo que aparecem no começo. Entre os judeus recebe o nome de “Bemidbar” (“no deserto”), já que o primeiro versículo começa com esta palavra.  O livro dos Números trata da estada e peregrinação do povo de Israel no deserto, onde Deus se manifestou. 

Ensinamentos

O Livro dos Números mostra de uma forma muito peculiar qual é o modo de atuar de Deus com os homens e, concretamente, com o povo que Ele havia escolhido: Israel. Essa peculiaridade consiste em que Deus aparece como aquele que guia o seu povo através do deserto, a caminho da terra prometida. O povo em Números deixa de ser a multidão informe, que saiu do Egito, e passa a ser uma comunidade santa, que pode ser detalhadamente contada, constituída em virtude da Aliança.

O deserto é agora um lugar de passagem, cheio de dificuldades, onde o povo experimenta a tentação do desânimo e da rebeldia contra Deus, que o conduziu até ali; mas também é o lugar em que o povo conhece o perdão e a Misericórdia de Deus.
No deserto, Deus vai purificando seu povo por meio de sucessivas provas. A presença misteriosa de Deus no meio do seu povo, enquanto ele vai caminhando,  está simbolizada  na nuvem.

O Livro dos Números à luz do Novo Testamento

Jesus, antes de começar seu ministério público, foi levado pelo Espírito ao deserto, onde também sofreu tentações. Mas Jesus, diferentemente do povo de Israel, foi vitorioso (Mt 4, 1-11).

Depois, Jesus realizou prodígios similares aos que Deus havia feito no deserto, como a multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), e proclama que nele se encontram os dons divinos prefigurados durante aquela etapa do povo de Israel: Ele é a água viva (Jo 4,7); o verdadeiro pão descido do céu (Jo, 6); o caminho (Jo 14,6); o meio de salvação – como o foi a serpente de bronze (Jo 3,14-16); e o lugar definitivo do encontro com Deus (Jo 14, 8). Viver unidos a Cristo quando ainda peregrinamos neste mundo é, portanto, avançar com segurança em direção à Pátria definitiva.

Os Evangelhos apresentam Jesus como a atualização das realidades do deserto. A concepção virginal de Jesus se realiza por uma ação do Espírito Santo comparável à de sua presença na nuvem do deserto (Lc 1, 35). A vida de Cristo no meio dos homens é compreendida como a presença da Tenda de Deus no acampamento dos israelitas (Jo 1,14).

O livro dos Números, para os israelitas, significava não só a recordação do passado, mas, por assim dizer, o modelo de toda a sua história. Para os cristãos, esse modelo é Jesus Cristo, em quem se cumpriram as palavras daquele livro. Cristo se fez caminho e guia para fazer-nos avançar em nossa vida, na qual subsistem as provas e as dificuldades do deserto.

(cfr. Biblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário