domingo, 14 de julho de 2013

Deuteronômio



O quinto livro do Pentateuco procede da tradução que a versão grega do Antigo Testamento, chamada dos Setenta, fez de Dt 17, 18: ao invés de traduzir “que faça escrever (o rei) para seu uso, em um livro uma cópia desta Lei” escreveram: “esta segunda Lei” (= to deuteronomión toúto). No entanto, o nome não é impróprio. O livro compreende, junto com recordações históricas, longos discursos, exortações, um segundo corpo de leis, que contêm, com maiores ou menores diferenças, um corpo de leis semelhante ao conteúdo no livro do Êxodo (e, às vezes, no Levítico). No judaísmo, este livro é designado por seus primeiros vocábulos: “Elle ha-debarim” (“Estas são as palavras”), ou, simplesmente, Debarim.

Ensinamentos

O ensinamento teológico básico do Deuteronômio pode ser resumido nas seguintes características: um Deus, um povo, um templo, uma terra, uma lei.

A unicidade de Deus é proclamada solenemente em Dt 6,4: “Escuta Israel, o Senhor nosso Deus, é uno”. Esse “uno” não apenas se opõe ao politeísmo, mas também proclama a íntima unidade divina: Deus não está dividido. Por isso, o amor a Ele deve também ser indiviso: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus com todo teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5).

O culto também há de estar unificado em um só santuário: o Templo de Jerusalém (Dt 12).

Esse Deus único elegeu um povo e com ele fez uma Aliança. O Deuteronômio não distingue no povo tribos e famílias – diferentemente da “tradição sacerdotal”. Trata-se do Povo de Deus, no qual todos são irmãos.

A Terra de Israel é um dom de Deus a seu povo.

A Lei é a expressão da vontade de Deus, que mostra a seu povo o caminho a ser percorrido.

O Deuteronômio à luz do Novo Testamento

O grande tema do Deuteronômio, que é a unidade, encontra sua plenitude em Cristo, o Filho Único de Deus que chama todos os homens a participar da natureza divina pela graça: “Que todos sejam um, como tu, Pai, em mim e eu em ti, que eles também sejam um em nós”.

O modelo de comportamento que Jesus propõe a seus discípulos se pode reduzir a uma só lei: a lei do amor, que engloba em si todos os preceitos fundamentais: O primeiro é este: Escuta Israel: o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças. O segundo é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 29-31).

Na nova Aliança há um só supremo ato de culto: o sacrifício redentor de Cristo na Cruz, que tem um valor universal e que se atualiza constantemente na Igreja de modo sacramental. Este sacrifício fez de todos os povos um só povo: o povo de Deus (Ef 2,11-22). Cada um dos membros desse povo deve peregrinar na terra, no mundo que recebeu como dom de Deus, desprendido dos bens terrenos, a caminho da terra definitiva. 

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