sábado, 27 de julho de 2013

Livro de Josué - Estrutura e Composição



O livro de Josué narra a conquista da terra prometida, mostrando o cumprimento das promessas feitas por  Deus aos Patriarcas. O povo eleito, dividido em tribos, constitui uma nação unida na conquista da terra, realizada com o auxílio do Senhor. As tribos israelitas não conquistaram Canaã em virtude de seu poder militar, mas foi Deus quem pôs a terra em suas mãos, e Ele mesmo a repartiu para que pudessem usufruir da paz e prosperar.  Deus é fiel e pede fidelidade de todo o povo à Aliança estabelecida. 

Estrutura do Livro

Prólogo (1, 1-18) – Serve de união com o Pentateuco e enuncia os principais temas do livro: a continuidade que existe entre a missão de Moisés e a de Josué enquanto mediadores entre Deus e o povo; e a unidade do povo, cujas tribos realizam juntas a conquista de todo o país.

Conquista da terra prometida (2, 1-12,24) e Distribuição da terra prometida (13, 1-21,45)Epílogo (22,1-24,33) Conclusão reforçando os dois grandes temas enunciados no Prólogo: Primeiro se faz notar que todo o povo unido empreendeu a conquista da terra; a continuidade entre Moisés e Josué; e a exortação ao povo para manter-se fiel ao Senhor e cumprir a Aliança que o Senhor fez com seus antepassados e que agora renovam em Siquem.


Composição

Muitas famílias teriam suas tradições e relatos da chegada das tribos àquele território. O trabalho de redação do livro de Josué reuniu diversos relatos anteriores em uma narração continuada, realizada por autores da chamada “tradição deuteronomista”.

O elenco das heranças correspondentes a cada tribo que aparece na segunda parte do livro tem sua origem provável em documentos escritos ao Sul de Canaã, já que o relato é bem mais rico e preciso ao falar de Judá e Beijamin, que se situam nessa zona da região. A maior parte dessa seção pertence à tradição sacerdotal.

Os elementos de diferentes origens foram reunidos e dotados de unidade neste Livro com uma finalidade eminentemente teológica dentro do marco deuteronomista: a terra de Israel é um dom de Deus concedido a seu povo, que há de ater-se com fidelidade ao prescrito na Lei para conservar esse benefício. 

domingo, 14 de julho de 2013

Deuteronômio



O quinto livro do Pentateuco procede da tradução que a versão grega do Antigo Testamento, chamada dos Setenta, fez de Dt 17, 18: ao invés de traduzir “que faça escrever (o rei) para seu uso, em um livro uma cópia desta Lei” escreveram: “esta segunda Lei” (= to deuteronomión toúto). No entanto, o nome não é impróprio. O livro compreende, junto com recordações históricas, longos discursos, exortações, um segundo corpo de leis, que contêm, com maiores ou menores diferenças, um corpo de leis semelhante ao conteúdo no livro do Êxodo (e, às vezes, no Levítico). No judaísmo, este livro é designado por seus primeiros vocábulos: “Elle ha-debarim” (“Estas são as palavras”), ou, simplesmente, Debarim.

Ensinamentos

O ensinamento teológico básico do Deuteronômio pode ser resumido nas seguintes características: um Deus, um povo, um templo, uma terra, uma lei.

A unicidade de Deus é proclamada solenemente em Dt 6,4: “Escuta Israel, o Senhor nosso Deus, é uno”. Esse “uno” não apenas se opõe ao politeísmo, mas também proclama a íntima unidade divina: Deus não está dividido. Por isso, o amor a Ele deve também ser indiviso: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus com todo teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5).

O culto também há de estar unificado em um só santuário: o Templo de Jerusalém (Dt 12).

Esse Deus único elegeu um povo e com ele fez uma Aliança. O Deuteronômio não distingue no povo tribos e famílias – diferentemente da “tradição sacerdotal”. Trata-se do Povo de Deus, no qual todos são irmãos.

A Terra de Israel é um dom de Deus a seu povo.

A Lei é a expressão da vontade de Deus, que mostra a seu povo o caminho a ser percorrido.

O Deuteronômio à luz do Novo Testamento

O grande tema do Deuteronômio, que é a unidade, encontra sua plenitude em Cristo, o Filho Único de Deus que chama todos os homens a participar da natureza divina pela graça: “Que todos sejam um, como tu, Pai, em mim e eu em ti, que eles também sejam um em nós”.

O modelo de comportamento que Jesus propõe a seus discípulos se pode reduzir a uma só lei: a lei do amor, que engloba em si todos os preceitos fundamentais: O primeiro é este: Escuta Israel: o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças. O segundo é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 29-31).

Na nova Aliança há um só supremo ato de culto: o sacrifício redentor de Cristo na Cruz, que tem um valor universal e que se atualiza constantemente na Igreja de modo sacramental. Este sacrifício fez de todos os povos um só povo: o povo de Deus (Ef 2,11-22). Cada um dos membros desse povo deve peregrinar na terra, no mundo que recebeu como dom de Deus, desprendido dos bens terrenos, a caminho da terra definitiva. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Números



O nome do livro – Números – provém da tradução grega do Pentateuco, por volta do século II a.C. – que o chamou de “arithmoi” (números), em razão dos censos do povo que aparecem no começo. Entre os judeus recebe o nome de “Bemidbar” (“no deserto”), já que o primeiro versículo começa com esta palavra.  O livro dos Números trata da estada e peregrinação do povo de Israel no deserto, onde Deus se manifestou. 

Ensinamentos

O Livro dos Números mostra de uma forma muito peculiar qual é o modo de atuar de Deus com os homens e, concretamente, com o povo que Ele havia escolhido: Israel. Essa peculiaridade consiste em que Deus aparece como aquele que guia o seu povo através do deserto, a caminho da terra prometida. O povo em Números deixa de ser a multidão informe, que saiu do Egito, e passa a ser uma comunidade santa, que pode ser detalhadamente contada, constituída em virtude da Aliança.

O deserto é agora um lugar de passagem, cheio de dificuldades, onde o povo experimenta a tentação do desânimo e da rebeldia contra Deus, que o conduziu até ali; mas também é o lugar em que o povo conhece o perdão e a Misericórdia de Deus.
No deserto, Deus vai purificando seu povo por meio de sucessivas provas. A presença misteriosa de Deus no meio do seu povo, enquanto ele vai caminhando,  está simbolizada  na nuvem.

O Livro dos Números à luz do Novo Testamento

Jesus, antes de começar seu ministério público, foi levado pelo Espírito ao deserto, onde também sofreu tentações. Mas Jesus, diferentemente do povo de Israel, foi vitorioso (Mt 4, 1-11).

Depois, Jesus realizou prodígios similares aos que Deus havia feito no deserto, como a multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), e proclama que nele se encontram os dons divinos prefigurados durante aquela etapa do povo de Israel: Ele é a água viva (Jo 4,7); o verdadeiro pão descido do céu (Jo, 6); o caminho (Jo 14,6); o meio de salvação – como o foi a serpente de bronze (Jo 3,14-16); e o lugar definitivo do encontro com Deus (Jo 14, 8). Viver unidos a Cristo quando ainda peregrinamos neste mundo é, portanto, avançar com segurança em direção à Pátria definitiva.

Os Evangelhos apresentam Jesus como a atualização das realidades do deserto. A concepção virginal de Jesus se realiza por uma ação do Espírito Santo comparável à de sua presença na nuvem do deserto (Lc 1, 35). A vida de Cristo no meio dos homens é compreendida como a presença da Tenda de Deus no acampamento dos israelitas (Jo 1,14).

O livro dos Números, para os israelitas, significava não só a recordação do passado, mas, por assim dizer, o modelo de toda a sua história. Para os cristãos, esse modelo é Jesus Cristo, em quem se cumpriram as palavras daquele livro. Cristo se fez caminho e guia para fazer-nos avançar em nossa vida, na qual subsistem as provas e as dificuldades do deserto.

(cfr. Biblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra). 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Levítico



Para os fiéis atuais, a maioria das prescrições rituais do culto mosaico apresentam apenas um interesse documentário.

Com efeito, os descendentes de Levi foram colocados à frente do culto em Israel: recrutavam-se entre eles os sacerdotes e os servidores do templo. O Levítico é um manual redigido para eles, de acordo com os usos já muito antigos. Esse manual passou por muitas transformações e recebeu adições depois da construção do tempo de Salomão (sec. X a.C).

Os antigos hebreus conheciam quatro espécies de sacrifício: os holocaustos, nos quais a vítima oferecida era totalmente consumida pelo povo; as oblações ou ofertas de frutos, da farinha e de outros produtos agrícolas e da criação que acompanhavam o holocausto cotidiano; o sacrifício pacífico ou de ação de graças; e os sacrifícios de expiação, destinados a reparar os pecados e as faltas involuntárias contra as leis cerimoniais.

A importância das prescrições concernentes aos sacerdotes explica-se pelo fato de as funções sacerdotais ocuparem na vida dos hebreus um lugar da mais relevante importância.  Essas funções foram confiadas exclusivamente aos membros de ma única tribo, a de Levi (daí o nome de levitas). Ainda no tempo de Jesus Cristo existia essa atribuição, embora menos exclusiva.

As muitas prescrições concernentes ao estado de “pureza legal” cercava tudo aquilo que, na vida particular, poderia ser encarado em uma relação particular com Deus ou com o seu culto.

Há no Levítico um esboço de código civil e de leis que testemunham certo aperfeiçoamento moral no povo eleito. 

A lei de talião “olho por olho e dente por dente” (Lev 24,17-20 e Ex 21,24), abolida por Jesus Cristo (Mt 5,38-42) constitui a seu modo um verdadeiro progresso, se considerarmos os costumes existentes então, segundo os quais costumavam, habitualmente vingar sete vezes as injúrias e as injustiças recebidas.

(Fonte: Introdução à Bíblia Sagrada – Ed. Ave Maria)