Sua interpretação
Os onze primeiros
capítulos do Gênesis narram a criação do mundo e do homem, o pecado original e
a história das origens da humanidade: os descendentes de Adão e Eva, o dilúvio
universal, etc. Num documento de 1909, a Igreja afirma o sentido
literal-histórico de 3 fatos essenciais:
- a criação de
todas as coisas por Deus no princípio do tempo: do nada, Deus cria;
- a peculiar
criação do homem (e da mulher): Deus intervém diretamente na criação do homem,
e lhe confere uma alma espiritual;
- a unidade do
gênero humano: todos os homens provêm de um único casal.
Esses 3 fatos não
podem ser interpretados simplesmente de forma simbólica ou alegórica.
A
Criação do Homem
A Sagrada
Escritura sublinha uma intervenção direta de Deus na origem do homem, criado
por Ele à sua imagem e semelhança (Gen 1, 26-27).
O texto do Gênesis
narra o episódio em que Deus forma o homem a partir do barro da terra e lhe
inspira um sopro ou hálito de vida (Gen 1, 27); isto é, Deus cuidou da formação
do corpo e infundiu-lhe uma alma.
Os intérpretes não
vêem inconveniente em afirmar que o “barro da terra” poderia significar um
outro tipo de matéria, como por exemplo o corpo de um ser vivo pré-existente,
que dispusesse das qualidades necessárias para receber uma alma humana.
Em resumo, a
interpretação católica afirma que: 1) com relação à alma, deve-se crer que é
imediatamente criada por Deus; 2) quanto à origem do corpo do homem, pode
provir de espécies anteriores; 3) houve um primeiro casal, do qual todos
descendemos e do qual herdamos o “pecado original”
Este último ponto
gerou uma controvérsia sobre monogenismo/poligenismo. O poligenismo defende a
existência de muitos casais na origem da humanidade atual; o monogenismo
defende que todos os homens descendem de um único casal. Do ponto de vista
científico, a controvérsia está superada, devido aos avanços da genética, que
confirmam a origem monogenista da humanidade.
Conclusão
A evolução das
espécies é plausível do ponto de vista lógico e científico. Mas como ela
se deu permanece uma questão aberta, que continua sendo investigada pela
ciência.
Do ponto de vista
teológico, é bem plausível a hipótese de uma evolução. Deus poderia ter se
servido de umas espécies já existentes e de outros fatores (físicos, genéticos,
etc.) para fazer com que surgissem novos seres vivos. Deus costuma agir
suavemente, como a brisa, sem grandes estrondos e intervenções espalhafatosas,
e servindo-se de fatores “naturais” para obter o efeito desejado. A própria
idéia de evolucionismo supõe um “plano diretor” e Alguém que o tenha elaborado.
O que não se pode
aceitar é o evolucionismo impregnado de idéias materialistas, que partem do
preconceito de que Deus não existe, de que o mundo é auto-suficiente e de que o
homem não passa de um animal desenvolvido sem alma espiritual.
A fé nos diz que Deus
– cuja existência pode ser demonstrada pela razão – criou o mundo a partir do
nada e fez o homem à sua imagem e semelhança, infundindo-lhe uma alma racional
que o difere de todos os animais.
O universo, a vida e o homem são maravilhas da criação, que permitem
entrever a verdadeira fonte de onde toda essa energia procede, essa Luz
verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo (Jo 1, 9).
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