Os hebreus, estabelecidos no delta do Nilo, depois da morte
de José, tiveram que suportar o jugo dos egípcios. Em toda a Bíblia o Egito
tornar-se-á o símbolo do adversário-tipo do povo eleito, o poder terreno que
procura contrariar os planos divinos.
Deus chama Moisés para uma grandiosa missão de libertar do povo de Deus da servidão do Egito (assunto que constituiu este livro da bíblia), e revela-se a
ele primeiro na sarça ardente. Moisés torna-se o chefe do povo oprimido e
combate sob a guia divina contra os poderes do mundo.
A passagem do anjo que extermina os filhos dos egípcios
testemunha que o povo eleito, libertado, terá que viver, daí em diante, no
temor de Deus e reconhecido ao seu grande Benfeitor. A primeira festa da Páscoa
foi cruenta: foi uma figura da grande e solene Páscoa, durante a qual, pela
imolação de Cristo, o Cordeiro de Deus, toda a humanidade, espiritualmente
falando, foi libertada do jugo do pecado e do demônio. Depois de ter libertado o seu povo, Deus o conduziu através
das águas e através do deserto.
No monte Sinai, ele quis intervir solenemente e proclamar a
Aliança com seu povo: “Se obedecerdes a minha voz e guardardes a minha aliança,
sereis, entre todos os povos, o meu povo todo particular...sereis uma nação
consagrada” (Ex 19, 5-6).
O Decálogo será a carta deste contrato, o Direito dado por
Deus ao seu povo libertado do Egito. O Decálogo é seguido de um texto legislativo, fragmento
antiquíssimo (cap. 20 a 23), primeiro esboço de uma legislação social e
religiosa completada mais tarde, e de leis rituais (cap. 25 a 30) redigidas
posteriormente.
Um sacrifício cruento (cap. 14) formou a solene conclusão
dessa aliança. Entretanto, o pacto, mal concluído, foi violado.
O povo cede à antiga tentação de materializar o seu Deus
para torná-lo visível, construindo
um ídolo, como símbolo de sua força e de sua fecundidade. Este modo de
manifestar ao ídolo o seu culto parece-lhe mais fácil do que adorar em espírito
um Deus invisível. Deus corrige o seu povo, mas mostra-se magnânimo. A Aliança
é renovada: a fidelidade dos hebreus, tanto às prescrições cultuais como aos
mandamentos do decálogo deverá servir, para o futuro, de testemunho de seu
reconhecimento para com os benefícios divinos.
O sinal visível do pacto entre Deus e o seu povo serão as
tábuas da Lei, guardadas na arca da Aliança. Esta arca tem um valor simbólico
do trono de Deus: ela testemunha que Deus habita no meio do seu povo, como
penhor da fidelidade de suas promessas.
(Fonte: Introdução à Bíblia Sagrada – Ed. Ave Maria)