A Revelação
Divina: palavras e fatos bíblicos1
A Bíblia é
o livro que contém a Palavra de Deus expressa em palavras humanas. É uma grande
obra literária; um livro único, inesgotável, onde se encontra tudo o que se
refere a Deus e ao homem. É a obra mais editada, mais vendida, mais lida e mais
estudada de quantas se escreveram. É, sem dúvida, o livro que mais contribuiu
para configurar a cultura ocidental.
O termo
“bíblia” procede do grero e significa etimologicamente “livros”. A Igreja grega
usava este plural para designar a coleção completa das Escrituras Sagradas.
Desde os começos do cristianismo, a Bíblia foi a base da vida espiritual, da
pregação e dos ensinamentos da doutrina cristã.
A Bíblia:
Antigo e Novo Testamento
A coleção
dos 73 livros que formam a Sagrada Escritura tem duas partes bem diferenciadas
chamadas “Antigos Testamento” (AT) e “Novo Testamento” (NT), que correspondem
aos escritos antes ou depois da vinda de Cristo. A palavra testamento equivale
aqui a praticamente “pacto” ou “aliança”.
O AT é
composto de 46 livros2, que contêm tudo o que Javé-Deus revelava a seu povo
para o conduzir a um reino de plenitude para alcançar uma felicidade duradoura3.
Estes livros foram também aceitos pelos cristãos, porque neles descortinavam a
preparação do grande acontecimento salvífico em Jesus Cristo. Os cristãos- à
procura de nossas raízes – empenhamo-nos em nos familiarizarmos com a mesagem
destes livros tão diversos, nos quais se recolhe a peregrinação do povo de
Israel desde as suas origens até o aparecimento histórico de JC.
Chama-se NT
ao conjunto dos 27 livros restantes, escritos de acordo com a “Nova Aliança” de
Jesus Cristo, gravada não sobre tábuas de pedra, mas sobre corações de carne.
Todos eles anunciam a “Boa Nova” proclamada por Jesus. Nós, os cristãos, temos
a firme convicção de que tais livros contêm tudo que Deus nos quis ensinar - através de Jesus – para nos livrar das
ataduras do pacado e introduzir-nos nesse reino de graça, cuja meta final é a
vida eternal, o céu para sempre.
A divisão
atual da Bíblia em capítulos e versículos remonta ao século XVI, por Roberto
Stephan, embora quem primeiro introduziu a divisão dos capítulos, nas cópias da
versao Latina da Vulgata, fosse Stephan Langton por volta do ano 1214 e, mais
tarde, Santes Pagnini dividiu cada capítulo em versículos na edição Latina da
Bíblia feita em Lyon no ano de 15284.
O AT e o NT
são duas partes de uma mesma História da Salvação, e embora nós, cristãos,
pertençamos ao povo da “Nova Aliança”, não podemos ignorar o que diz respeito à
“Antiga Aliança” que durante séculos preparará a humanidade para a chegada da
“plenitude dos tempos”5. A Sagrada Escritura viveu durante muito tempo na
tradição oral e só depois, as leis, as palavras dos Profetas, as sentenças dos
Sábios, os cantos e os poemas dos Salmintas e as recordações históricas das
intervenções salvíficas de Deus se puseram por escrito.
1. Todo este
item é extraído do livro “Conhecer a Bíblia. Iniciação à Sagrada Escritura” de
Josemaría Monforte, Ed Diel, 1998. Tit. Original: “Conocer la bíblia”, Rialp,
1997. Trad. de Luis Margarido Correa.
2. Cfr.
Catecismo da Igreja Católica,120.
3. Os judeus,
para se referir às Escrituras dizem tradicionalmente a Lei (Torá), os Profetas
(Nebiim) e os Escritos (Ketubim), expressão que se torna clássica a partir do
prólogo do livro do Eclesiástico. Também chamavam à Bíblia Miqrá, o livro da
leitura ou Sagrada Escritura. Outro modo popular de se referir à Sagrada
Escritura era Tanak, palavra formada pelas iniciais de Toráh, Nebiim e Ketubim.
4. Para uma
exposição mais completa, cf. Gran Enciclopedia Rialp, verbete Bíblia I.
5. Gal4,4.