Ensinamentos
Deus é fiel e sempre cumpre suas
promessas. Assim se faz constar de modo explícito: “De todas as promessas
favoráveis que o Senhor havia proferido para a casa de Israel nenhuma falhou,
todas se cumpriram” (Jo 21,45).
A tradição bíblica apresentar com
singular realce os protagonistas dos grandes momentos da história, eleitos por
Deus para realizar seu grande projeto de salvação. Josué é um desses
protagonistas, instrumento de Deus para introduzir o povo na terra prometida.
Assim como durante a peregrinação pelo deserto Moisés havia sido o mediador
entre Deus e o povo, agora Josué
desempenha essa tarefa. Porém, o protagonista principal é o povo. Na narração
da passagem do Jordão, e das primeiras conquistas da terra prometida, o povo de
Deus é apresentado como uma nação santa, em disposição litúrgica, presidida
pela Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus entre os seus. Deste modo,
fica claro que a conquista da terra é um dom de Deus concedido a seu povo por
meio de seu servo Josué, e não por seus dotes guerreiros nem pelo potencial
ofensivo de suas armas. O próprio Josué, após concluída a conquista da terra
prometida, será o mediador da renovação da Aliança em uma cerimônia realizada
em Siquém, na qual o povo se compromete a ser fiel ao Senhor e a cumprir os
seus preceitos.
Convém também ressaltar a força
com que o texto sagrado insiste uma e outra vez na unidade do povo. Ainda que
algumas tribos hajam recebido sua herança antes de passar ao Jordão, para
entrar na terra prometida, não abandonaram seus irmãos na tomada de posse de
Canaã (Jos 1, 10-16; 22,1-8). Na narração se sublinha que todo o povo unido,
sob a liderança de Josué, realizou a conquista. Por sua vez, o povo unido deve
reconhecer que há um só Deus, o Senhor, que lhes prestou auxílio, o único ao
qual devem servir.
À luz do Novo
Testamento
A figura de Josué, instrumento de
Deus para introduzir o povo na terra prometida, representa uma verdadeira
antecipação profética de Jesus Cristo. Seu próprio nome, Josué, é idêntico ao
de Jesus. Ambos significam “o Senhor salva” (em hebreu, Yehosú’a). Josué proporcionou a seu povo a salvação ao introduzi-lo
na terra, mas também salvou a pessoas que não formavam parte dele, como Rajab e
sua família (Jos 6, 22-25), que haviam secundado os planos de Deus e
manifestado assim sua fé com obras. Também Jesus, que veio trazer a salvação a
Israel, a faz extensiva a todos os homens e mulheres de todas as raças da terra
que secundam os planos de Deus.
O paralelo entre Josué e Jesus
foi desenvolvido por alguns Padres da Igreja. São Justino explicou que assim
como Josué sucedeu a Moisés e introduziu ao povo na terra prometida, Jesus
substituiu a Moisés, e seu Evangelho à Lei mosaica, e conduziu ao novo povo de
Deus à salvação. Origenes estabeleceu um paralelo espiritual entre Josué, que
conduziu a Israel à vitória abatendo reinos, cidades e inimigos, e Cristo, que
guia a alma e lhe proporciona a vitória sobre os vícios e paixões.
(cfr. Biblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade
de Navarra).
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